Essa semana, dando uma lida nos meus feeds, li um texto do Rafa Amaral lá no estagiaridade. Depois, em uma rápida olhada pela M&M dessa semana, li um artigo do Fernando Campos falando praticamente a mesma coisa, mas de uma forma diferente.
No texto do Rafa, há o questionamento sobre o gap da inovação. Já no artigo do Fernando Campos, ele comenta sobre posturas adotadas pelos profissionais das agências. Para facilitar as coisas, começo reproduzindo a citação inicial do artigo e depois vou comentando o restante.
“Os crIativos precisam descer do pedestal e entender de verdade o negócio do cliente. O atendimento precisa valorizar sua função incorporando práticas de planejamento e estratégia. Clientes e agências precisam trabalhar em parceria, em que um participa mais do sucesso e do risco do negócio do outro”.
Segundo ele, essas frases, que são super atuais para nós, foram publicadas em uma M&M de 1977. Isso nos mostra que, mesmo depois de 32 anos, continuamos com certos hábitos. Ou melhor, vícios.
Em seguida, ele conta sobre a experiência com macacos, que reproduzo abaixo:
“Comece com uma jaula contendo cinco macacos. Dentro da jaula, pendure um cacho de banana numa corda e coloque uma escada debaixo dele. Em breve, um macaco irá até à escada e começará a subir em direção às bananas. Assim que ele tocar na escada, todos os outros macacos são pulverizados com água gelada. Após um tempo, outro macaco fará uma tentativa com o mesmo resultado, e todos os outros macacos são pulverizados com água gelada. Em pouquíssimo tempo os macacos tentarão impedir que isso aconteça.Agora, deixe a água gelada de lado. Remova um macaco da jaula e substitua-o por um outro. O novo macaco vê a banana e deseja subir na escada. Para sua surpresa e horror, todos os outros macacos o atacam. Após outra tentativa e ataque, ele descobre que se tentar subir na escada, será atacado.
Em seguida, remova outro dos cinco macacos originais e coloque um novo. O recém-chegado vai à escada e é atacado. O novato anterior participa da punição com entusiasmo! Da mesma forma, troque o terceiro macaco, e o quarto, e o quinto.
Toda vez que o macaco mais recente chega à escada, é atacado. A maioria dos macacos que está batendo nele não tem idéia do porquê não é permitido subir na escada, ou por que está participando no espancamento do macaco novato. Depois de substituir todos os macacos originais, nenhum dos macacos restantes jamais foi pulverizado com água gelada. Apesar disso, nenhum macaco jamais se aproximará novamente da escada para tentar pegar as bananas.
E por que não? Porque, até onde eles sabem, é assim que as coisas sempre foram feitas por aqui.”
Acho que o experimento começa a responder sobre o questionamento do gap da inovação. Por hábitos antigos, deixamos de pensar completamente fora da caixa, como os profissionais lá fora já fazem. Posturas retrógradas com base no que o próprio Rafa disse: menos risco, mais resultado. E a bola de neve chega aos dias de hoje. Eu mesmo me censuro várias vezes com pensamentos do tipo “ah, isso nunca seria aprovado, o cliente não vai arriscar fazer tal coisa”. Não sou nenhum gênio, mas, sem querer, adoto uma prática que vai à contramão dos big cases que vemos mundo afora e que passam tão longe daqui. E se os big cases passam longe, é porque os big guys não tem um pensamento tão diferente do meu. Voltamos (ou talvez nunca tenhamos deixado de ser) macacos.
*Imagem que ilustra o artigo de Erik K Veland
A involução natural da espécie publicado originalmente na CASA DO GALO - O animal da publicidade.